Festival Vodafone Paredes de Coura 2015- Um festival a rebentar pelas costuras
Parte 2- Aquecimento na vila e os dois primeiros dias
Depois de descritas as condições, está na altura de passar ao que interessa (Clica aqui para leres a Parte 1). Falemos agora de música e atividades do festival.
As atividades do festival começaram dia 16 com “O festival sobe à Vila”, que se prolongou até dia 18. Como nas edições anteriores, não sendo este exceção, as bandas convidadas trouxeram animação à vila e um aquecimento aos que esperavam ansiosamente pelo dia 19.
Assim que o tão esperado dia chegou, era possível ver o entusiasmo a pairar no ar. O dia estava finalmente aí.
Neste dia contámos com a presença de bandas apenas no palco principal, destacando-se especialmente Blood Red Shoes, Slowdive e TV on the Radio.
Blood Red Shoes, a banda inglesa formada em 2004, trouxe ao palco Vodafone uma excelente energia, com uma sonoridade marcada pela guitarra e com grande interação com o público, que se mostrou sempre recetivo.
A entrada dos Slowdive marcou um contraste enorme entre a sonoridade desta banda com a banda anterior. Slowdive pôs todos os presentes num estado de relaxamento puro. O concerto da banda foi ao encontro do seu nome: sentimo-nos lentamente a mergulhar nas músicas e a deixar-nos envolver por elas. Contudo, a banda interagiu pouco com o público o que levou a uma menor recetividade do mesmo, com a exceção, claro, dos seus fiéis seguidores.
A noite fechou ao som de TV on the Radio que animou a multidão. Encheram o recinto de rock e por todo o lado conseguíamos observar o entusiasmo e energia das pessoas. Novamente fez-se sentir um contraste de ritmos entre esta e a banda anterior e a própria ligação com o público. Com o rock a entranhar-se no público o crowd surfing apareceu e demos por terminada a primeira noite.
O segundo dia do festival, para muitos o dia preferido, o dia pelo qual muitos se deslocaram ao habitat natural da música, foi marcado pelas atuações de Pond, Father John Misty, The Legendary Tigerman e os cabeça de cartaz, Tame Impala.
No palco secundário, Pond encheram a plateia de ritmos eletrizantes e relaxantes, uma sonoridade que fez lembrar Tame Impala com ritmos mais acelerados ou falando em bom português, com ritmos mais mexidos. A banda pareceu focar-se na música e não tanto no público, porém, tal não foi necessário, porque ouvir e sentir Pond foi suficiente para todos os presentes.
Virando-nos agora para o palco principal, Father John Misty entre danças excêntricas e suor derramado deu um dos melhores concertos da noite e do festival. Mesmo quem não adora o trabalho do cantor (sendo esse o meu caso) ninguém lhe ficou indiferente. Aliás, era impossível ficar-lhe indiferente. Assim que entrou até ao momento que saiu teve o público nas mãos, entreteve e interagiu com todos. Aboliu qualquer barreira que pudesse haver entre nós, espectadores, e ele. Para mim, um dos momentos altos da noite e da memória do festival.
Seguiu-se o português, The Legendary Tigerman, que semeou o Rock and Roll na praia do Taboão. Este não foi o meu primeiro concerto de The Legendary Tigerman, já o tinha visto este ano no Theatro Circo em Braga e, se nesse concerto fiquei pasmada com o artista que Paulo Furtado é, fiquei ainda mais no concerto do festival. É fantástico observar a adaptação deste músico à plateia, ao ambiente e ao festival. É fantástico ver um artista transformar-se num camaleão e oferecer tudo. A sensação com que saí do concerto foi que ele deu a cada um de nós um pouco dele, um pouco de “Rock & Roll” e que deixou tudo ali, naquele palco. Um músico cheio de paixão pela música, com muito carisma, um impulsionador do Rock and Roll, um músico que merece um reconhecimento enorme, não só pelo músico que é, mas por ser nosso, por ser português. Considero que o concerto dele foi o melhor momento da noite e também um dos melhores do festival.
O palco Vodafone fechou com a banda mais desejada da noite, se não do festival, Tame Impala. A banda apresentou o seu novo álbum lançado este ano, “Currents”, e músicas já queridas por todos dos anteriores álbuns. A plateia entrou em êxtase assim que um fio de cabelo do Kevin Parker apareceu e o entusiasmo foi crescendo até à “Feels Like We Only Go Backwards” e a “Elephant”, duas das músicas mais esperadas. Um concerto a rebentar pelas costuras que soube a pouco. Para todos aqueles que expectavam um Kevin Parker mais carismático, com uma voz alucinante, saíram frustrados. O concerto ficou aquém das expectativas para quem o esperava há tanto.
Os dois primeiros dias inauguraram esta edição da melhor maneira e semearam em todos nós uma curiosidade para o que ainda se avizinhava.
Texto: Joana Martins/Buzz TV
Fotos: Hugo Lima/Vodafone Paredes de Coura